Introdução
Bom dia, boa tarde ou boa noite, após duas semanas ausente estou de volta ! Novamente tive problemas com meu queridinho notebook. <3
No post de hoje vamos falar novamente sobre performance, você conhece a técnica de code splitting? Ja ouviu falar mas achava algo muito difícil então nunca tentou implementar? Acreditaria em mim se eu falasse que é algo extremamente simples e que você irá se sentir culpado de não ter feito isso por esse tempo todo?
Nós vamos cobrir o básico da técnica, explicando o problema que ela resolve e um exemplo para você ja aplicar agora em poucas linhas de código. Mais pra frente virá outro post mais avançado sobre como fazer o split de componentes inteiros acompanhado de uma reflexão no melhor estilo estado global & estado local sobre até que nível é indicado utilizarmos a ténica, pois como sempre falam tudo em excesso faz mal né.
Dedos a obra !
O Problema
Se você utiliza o create-react-app, já notou que ao executar o comando yarn build o webpack ele pega TODO o seu javascript e joga ele em um arquivo bundle.js? Fazendo uma analogia com carros, ao gerar o bundle, você talvez possa até pensar que ele esteja algo parecido com isso:
Algo elegante com todos seus componentes, libraries etc arrumadinhos ali dentro, esse grupo todo muito veloz e sem problemas, afinal está funcionando e talvez na sua internet ele esteja carregando até bem rápido.
Infelizmente como ja dizia Joseph Climber, “a vida é uma caixinha de surpresas”, e esse bundle.js gerado na verdade está algo semelhante à:
Pois é… por mais que o webpack faça automaticamente várias otimizações, infelizmente ele não faz milagre e você acaba mandando para o seu usuário toda a sua aplicação de uma vez só, sendo que todas as vezes que ocorrerem alguma modificação em algum componente não será possível nem aproveitar o cache via hash das suas libraries mais comuns.
Code Splitting
Eis que chega o salvador da nosssa pátria, a técnica de code splitting irá separar esse seu arquivo gigante em vários arquivos menores, possibilitando inclusive de só baixarmos eles quando for necessário, que é o que chamamos de Lazy Loading.
Antes de pularmos para o Lazy Loading vamos primeiro ver como realizar o split mais básico dos nossos arquivos.
Vendor e App
O arquivo vendor geralmente é onde botamos todas as nossas dependencias de terceiros, esse é o primeiro nível de split que podemos aplicar no nosso app, ao separarmos o vendor nós podemos melhorar o cache do mesmo com uma hash no nome do arquivo indicando se ele foi alterado ou não comparado ao último request.
Como não é algo comum dar update em libraries de terceiros, esse arquivo de vendor irá ficar durante bastante tempo sem ser alterado e o browser irá servir um cacheado para nosso usuário, reduzindo assim o tempo de loading da página.
Separando os arquivos
Considerando que você utilizou create-react-app, você precisará primeiro executar yarn run eject e após isso abrir o arquivo webpack.config.dev.js, esse arquivo é o responsável por inicializar nosso hot-reload-server e gerar as builds que vemos em desenvolvimento.
Tudo o que vamos fazer de alterações no arquivo de desenvolvimento devem ser replicadas no arquivo webpack.config.prod.js, apesar de não ser obrigatório essas mudanças no arquivo de desenvolvimento, iremos realizá-las para ficar mais fácil a visualização do que ocorre em nosso app.
Primeiro vou copiar aqui trechos do código atual que vocês encontrarão, e depois mostrarei as alterações nesses trechos.
...
module.exports = {
...
// todos os comentários foram removidos
entry: [
require.resolve('react-dev-utils/webpackHotDevClient'),
require.resolve('./polyfills'),
paths.appIndexJs
],
...
output: {
path: paths.appBuild,
pathinfo: true,
filename: 'static/js/bundle.js',
publicPath: publicPath
},
...
plugins: [
...
new HtmlWebpackPlugin({
inject: true,
template: paths.appHtml,
})
]
};
// todos os locais que adicionei "..." significa linhas que foram
// omitidas pois não se relacionarão com nossas alterações
Segundo a documentação da configuração entry do webpack v1, quando passamos um array como valor todos os arquivos que estão nesse array serão concatenados em um unico arquivo de saída, dessa forma o primeiro passo que iremos realizar será o de separar os arquivos do servidor de desenvolvimento, do polyfill e do nosso app.
Em output, como agora teremos vários arquivos diferentes na nossa entrada, precisaremos deixar dinâmico a criação desses arquivos pois da maneira que está todos ele irão se chamar bundle.js e irão ser alocados em static/js.
Por último em plugins iremos adicionar um plugin do próprio webpack chamado Commons Chunk Plugin, nele nós realizaremos as configurações para separar todos os modulos que forem de terceiros, ou seja, instalados em nosso projeto.
...
module.exports = {
...
// Removemos o array e agora passamos um objeto
// que o nome de cada `key` será a propriedade
// `name` em output.
entry: {
devServer:[
require.resolve('webpack-dev-server/client') + '?/',
require.resolve('webpack/hot/dev-server'),
],
polyfills:[
// vamos deixar esse arquivo de polyfills separado
// pois também não será alterado com frequência
// e é extremamente simples
require.resolve('./polyfills')
],
app:path.join(paths.appSrc, 'index'),
},
...
output: {
path: paths.appBuild,
pathinfo: true,
// `[name]` irá concatenar o nome do arquivo que passamos
// em entry, como devServer || polyfills || app
filename: 'static/js/[name]-[chunkhash:8].js',
// `[chunkhash:8]` irá concatenar um código hash de 8 caracteres
// que representa o conteúdo do arquivo, assim o browser
// conserguirá saber se o arquivo foi alterado ou não
chunkFilename: 'static/js/[name]-[chunkhash:8].js',
// a propriedade chunkFilename é o nome que será dado
// aos chunks que serão gerados toda vez que fizermos algum
// split dentro da nossa aplicação, com intenção de realizar
// lazy loading
publicPath: publicPath
},
...
plugins: [
...
// aqui não alteraremos nada anterior, só adicionaremos
// esse plugin no array
new webpack.optimize.CommonsChunkPlugin({
// nome do bundle que iremos gerar
name: 'vendor',
// função que verifica cada pacote que importarmos
// no nosso app, caso ele pertença a pasta `node_modules`
// significa que ele é um módulo de terceiros e irá ser
// adicionado ao arquivo de vendor
minChunks: ({ resource }) => /node_modules/.test(resource),
// nome do arquivo final gerado, `nome_do_bundle.hash.js`
filename: 'static/js/[name].[chunkhash:8].js'
}),
// muda nada
new HtmlWebpackPlugin({
inject: true,
template: paths.appHtml,
})
]
};
// todos os locais que adicionei "..." significa linhas que foram
// omitidas pois não se relacionarão com nossas alterações
Após essas modificações, se você reinicializar seu app e ir na aba network do seu debugger, verá que seus arquivos já estão sendo carregados separadamente.
O único problema que temos nas configurações iniciais ainda do create-react-app é que os bundles gerados são adicionado ao nosso html sem a tag async ou defer, precisamos instalar um plugin para adicionar a tag defer, pois nossos arquivos precisam ser baixados sem interromper o html parser e devem ser executados na ordem em que aparecem em nosso DOM, primeiro o vendor e depois os demais.
Para isso nós utilizaremos o plugin script-ext-html-webpack-plugin, instale esse plugin como uma dependência de desenvolvedor e aplique as seguintes alterações no seu arquivo webpack.
// temos que importar nosso plugin
var ScriptExtHtmlWebpackPlugin = require('script-ext-html-webpack-plugin');
...
module.exports = {
...
plugins: [
...
new webpack.optimize.CommonsChunkPlugin({
name: 'vendor',
minChunks: ({ resource }) => /node_modules/.test(resource),
filename: 'static/js/[name].[chunkhash:8].js'
}),
new HtmlWebpackPlugin({
inject: true,
template: paths.appHtml,
}),
// e adicioná-lo na nossa lista de plugins
new ScriptExtHtmlWebpackPlugin({
defaultAttribute: "defer"
})
...
]
};
// todos os locais que adicionei "..." significa linhas que foram
// omitidas pois não se relacionarão com nossas alterações
Se você deu uma breve lida na documentação do plugin, provavelmente viu que ele funciona em conjunto com o HtmlWebpackPlugin e que simplesmente serve para adicionarmos essas tags nos scripts injetados em nosso html.
Lazy Loading
A técnica Lazy loading consiste em entregarmos pro usuário somente o que ele irá usar, assim quando ele estiver na rota index por exemplo, ele baixará somente os arquivos que são utilizados na rota index.
Caso o usuário mova de uma rota para outra, ele já terá os arquivos da rota anterior e precisará baixar somente os arquivos da nova rota, e como já separamos o vendor da aplicação, os arquivos baixados irão ser bem pequenos, pois terão somente o código do componente que eles pertencem.
Lazy Loaded Routes
Estamos utilizando React Router v3 e Webpack v1, caso você esteja utilizando webpack v2 no final eu irei mostrar quais seriam as diferenças.
“Então Matheus, como fazemos essa bagaça ae???” No seu arquivo de rotas, você precisará substituir a declaração explícita do componente de determinada rota, por uma função que será responsável por carregar esse componente quando for necessário. Lembrando que o webpack cuida de tudo, ele reconhece quando você adicionou um “split point” e se ele deve ser carregado de forma lazy.
Vamos para hora da verdade, o que deve ser feito de tão complicado no arquivo de rotas !!!
// Como provavelmente era
import Main from 'Main.js';
...
<Route path="/" component={Main} />
// como deve ficar
...
<Route path="/" getComponent={(_, cb) => {
// require.ensure é uma forma do webpack saber
// que nesse local deve ser criado um split point
require.ensure([], function(){
let Main = require('Main.js').default;
// após carregar os arquivos que serão separados
// nós passamos o modulo default como segundo parâmetro
// da função callback do getComponent
cb(null, Main);
})
}} />
...
// ATENÇÃO, estamos utilizando o
// react-router v3 !!!
Viu como é simples? Você deve fazer isso para cada rota sua que deseja ser carregada dessa forma, ou criar uma factory que faça isso para você. O imporante é que agora você não obrigará o usuário a baixar todas as rotas da sua aplicação para poder usá-la.
Com Webpack v2
No webpack v2, nós ja temos suporte ao import() async que retorna uma promise, lembrando que para utilizar com o babel você precisará do seguinte plugin instalado syntax-dynamic-import.
Nosso código então ficaria assim:
...
<Route path="/" getComponent={(_, cb) => {
// com o novo import() async podemos encadear
// promises para retornar nossa rota
import('Main.js')
.then(module => module.default)
.then(Component => cb(null, Component))
.catch(e => cb(e, null));
}} />
...
// ATENÇÃO, estamos utilizando o
// react-router v3 !!!
Bem mais limpo e bonito, caso você queira migrar do webpack v1 para o v2, em breve farei um post sobre como fazer isso! até lá, você pode ir seguindo esse guia aqui.
Conclusão
Espero que tenha feito um bom post após quase 3 semanas fora e que vocês tenham gostado, repassar conhecimento é sempre um prazer, principalmente nessas coisas bobas que as pessoas pensam ser tão complicado mas na verdade são bem simples.
Agora que estou com meu notebook voltarei com os posts semanais, talvez um ou outro no meio da semana mas com certeza todo domingo um novo. Semana que vem falarei sobre Service Workers !!! outra magia negra nem tão negra assim, e que junto de algumas ferramentas se torna bem fácil de adicioná-lo no seu app.
Caso vocês tenham curtido, podem compartilhar a vontade ! Obrigado pelo seu tempo e qualquer dúvida, critica ou sugestão os comentários estão abertos e eu pronto para respondê-los.
Abraços e até o próximo post !